quarta-feira, 21 de julho de 2010

Dúvidas sobre preparação física no JJ

Perguntas e Respostas-Leandro Paiva (prof. de educação física e preparador físico de atletas de luta)

1 – Devo fazer musculação no mesmo dia que treinar a parte de luta? A. C. J. (Porto Velho – Rondônia)

Leandro Paiva – Sim, isso pode ser feito. Todas as orientações devem ser organizadas racionalmente, no mesmo dia (observando o período adequado de descanso entre os treinamentos), na mesma semana, no mesmo mês e, nos meses de treino até a competição-alvo. O que não pode acontecer é realizar sempre os mesmos estímulos, de mesma intensidade, sem variação entre eles. Ex: Se o treino de luta for intenso demais, a musculação deve ser um pouco mais leve e vice-versa (com exceção, claro, nos microciclos ou semanas planejadas para maior intensidade – microciclos de choque).

2 – Na academia, sempre me dou bem nos treinos. O problema é que quando chego nos campeonatos, fico muito nervoso, o gás acaba rápido e perco. Como posso fazer para melhorar isso? C.A.S (Campinas – São Paulo)

Leandro Paiva – Você relatou um quadro, denominado pela Psicologia do Esporte, de ansiedade pré-competitiva. Em alguns atletas, quando a ansiedade não é excessiva, pode até ajudar em vez de atrapalhar na hora da luta. Entretanto, quando o lutador fica nervoso demais, pálido, etc. essa ansiedade pode atrapalhar e muito. Recomendo treinamento com um psicólogo ou o próprio treinador, para simular, previamente, todas as possibilidades, para que você possa familiarizar-se com a situação que vai se deparar no dia da competição.

3- Tenho 45 anos e luto Jiu-Jítsu há 15. Desejo entrar nos campeonatos para lutar na categoria, com outros de minha idade. Posso realizar a preparação física normalmente, como um atleta da categoria adulto? P.C (Copacabana – Rio de Janeiro)

Leandro Paiva – Não acho necessário nem salutar. Tirando a possibilidade de os atletas de sua categoria estar utilizando esteróides e pondo a própria vida em risco, a grande maioria não deve conseguir, efetivamente, trabalhar os componentes físicos necessários ao desempenho no Jiu-Jítsu, como os atletas da categoria adulto. A preparação física pode e deve ser feita, mas nesse estágio de sua vida, a individualidade é a chave para o sucesso. A recuperação também. Atletas com mais idade podem ter necessidade de estender em até 2 vezes mais o período de recuperação após os treinos (técnico-táticos e de preparação física).

4 – Na minha academia, todos os dias meu professor manda realizarmos treinamento (os rolas) de Jiu-Jítsu, muito intensos. A cada dia que passa estou mais cansado. É certo isso? D.A.S (Campos – Rio de Janeiro)

Leandro Paiva – Pode ser que sim ou não. Se ele não varia nunca, entre os dias, nem entre as semanas ou meses, é o caminho para o fim. O lutador pode sofrer sintomas de supertreinamento de curto prazo (“Overreaching”) ou de longo prazo (“Overtraining”). Nesse caso, geralmente o atleta apresenta saturação psicológica podendo até abandonar definitivamente a modalidade de combate (“Burnout”). Converse com ele com calma e tente convence-lo da necessidade de variar racionalmente os estímulos nos treinamentos ao longo da semana.

5 – Treinando na academia, senti uma dor muito forte no joelho, após tentar raspar um cara e ele cair por cima da minha perna. Como devo fazer para prevenir de lesões? G.S (Boston – Estados Unidos)

Leandro Paiva – A primeira coisa que deve fazer é utilizar gelo no local de 3-4 x ao dia, por 30 minutos em cada aplicação. Não use o gelo em contato direto com a pele. Utilize sacos plásticos ou bolsa própria para isso. Se já fez uso de antiinflamatório previamente, por causa de lesão como essa, utilize-o. Se não, procure atendimento médico para que seja lhe informado qual antiinflamatório e/ou analgésico é específico para seu caso. Repouso por pelo menos 3-7 dias é recomendável. Se, nesse prazo, não melhorar, será necessário retornar ao Médico do Esporte ou um Ortopedista, para reavaliar seu caso e aventar a possibilidade de cirurgia. No meu ponto de vista, isso deve acontecer em último caso, esgotando-se todas as possibilidades. No Brasil, muita gente faz “empurroterapia” no atleta para logo fazer cirurgia, pois, lógico, nesse segmento, dá mais dinheiro realizar procedimentos cirúrgicos do que fisioterapia ou atendimento ambulatorial. A prevenção passa por diversos aspectos : pedagógicos (planejamento e divisão racional do treinamento, exercícios de reabilitação, etc.), psicológico-emocionais (exercícios de relaxamento físico e mental, “postura emocional” do atleta diante de problemas, etc.) e biológicos (alimentação e suplementação, meios de recuperação, etc.).





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